OS “FURA-GREVES” EM ACÇÃO

As primeiras tentativas de fragilização da greve geral convocada pelas principais centrais sindicais do país, nomeadamente, a Força Sindical, União Nacional dos Trabalhadores de Angola – Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) já começaram a ser identificadas a partir da Direcção do Hospital Municipal do Huambo e do Departamento dos Recursos Humanos do Tribunal da Comarca de Luanda que convocaram os respectivos funcionários para a realização de actividades que coincidem com as datas de paralisação laboral em toda as instituições públicas nos dias 20, 21 e 22 do mês em curso.

Por Geraldo José Letras

Em obediência à declaração do Bureau Político do MPLA, a Direcção do Hospital Municipal do Huambo e do Departamento de Recursos Humanos do Tribunal da Comarca de Luanda, em clara demonstração de que estão reféns de militantes do partido que sustenta o Executivo, procederam ao agendamento de actividades que coincidem em datas com os dias de greve convocados pelas principais centrais sindicais do país como mecanismo de inviabilizar a participação dos seus funcionários na paralisação da função pública nos próximos dias 20, 21 e 22 em todo o país.

Através do ofício n.° 15/0233, dirigido ao presidente interino do Tribunal da Comarca de Luanda, o chefe do Departamento de Recursos Humanos do Conselho Superior da Magistratura Judicial comunica que “em alusão ao Março Mulher, realizar-se-á no dia 22 do corrente mês, a conferência sobre OS DIREITOS DA MULHER à LUZ DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA”, pelo que convoca “todas as mulheres afectas aos tribunais de jurisdição comum, Província Judicial de Luanda” para que tomem ciência dos seus direitos e deveres consagrados na CRA (Constituição da República de Angola), acreditando que a actividade terá lugar no Palácio da Justiça, pelo que, além de participar de forma obrigatória, as mulheres deverão “comparticipar de forma simbólica com um valor de 2.000.00 kwanzas”. A mesma actividade deverá ser realizada em todos os tribunais de comarca do país, visando inviabilizar e fragilizar a adesão das mulheres a greve geral convocada pelos sindicatos.

Também para fragilizar a adesão dos funcionários à greve, a Direcção de Enfermagem do Hospital Geral do Huambo convoca todos os seus trabalhadores para “uma formação extraordinária, a ser realizada na sala de reuniões do Hospital, na quarta-feira, dia 20 de Março do ano em curso pelas 13h00”.

A administração pública nacional vai aderir à greve geral a partir desta quarta-feira (20) para reivindicar a melhoria das condições salariais.

De salientar que a greve não será acompanhada por qualquer marcha. Todos os funcionários públicos são aconselhados a manter-se em casa. A ideia é não se fazerem presente no local de serviço enquanto decorrer a primeira fase da greve que vai dos dias 20 a 22 de Março do ano em curso.

“Por um salário justo e condições sócio-económicas mais dignas, diga sim a greve”, é o pensamento de orientação.

O Folha 8 sabe que a Polícia de Intervenção Rápida (PIR) e a Unidade de Reacção já se encontram em prontidão desde a última sexta-feira para eventuais confrontos com os manifestantes ligados a função pública que nem se farão as ruas, muito menos sairão para ir trabalhar.

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